16/07/2016

O Sol Também se Levanta

O Sol Também se Levanta - Ernest Hemingway
É o primeiro livro de Hemingway que eu leio, e vai ser um pouco difícil pra mim escrever essa resenha. Não porque eu tenha gostado tanto que "ele me deixou sem palavras!", mas porque, justamente, não consegui tirar muito do livro. Não achei uma leitura envolvente, não me aproximei dos personagens, o enredo me pareceu fraco, e o que Hemingway queria expressar não chegou a mim.
Então não, não gostei.
Hemingway era um veterano de guerra que lutou pelos Estados Unidos na I Guerra Mundial (sim, o cara é das antigas; nasceu cem anos antes de mim, em 98 do século retrasado) e trás um pouco desse retrato do resultado de caos e desordem que viveu em combate em outros livros seus que ganharam notoriedade (Adeus às Armas, O Lar do Soldado). Em O Sol Também se Levanta ele remete a isso ilustrando um grupo de amigos/conhecidos vivendo no pós-guerra, depois de terem vivido sua parcela de sofrimento nesse momento tão difícil.
É um desses livros que não conseguem (pelo menos pra mim) nos tocar sem que tenhamos de antemão uma boa ideia do que o autor queria dizer e sobre o que, exatamente, ele falava. Então provavelmente você só vai entender OSTsL depois de ler algumas resenhas. Se começar a leitura do nada, sem uma noção prévia da mesma, a narrativa parecerá uma secessão aleatória e meio irrelevante de acontecimentos. Porque é isso que está escrito.
Esse gripo de amigos (Jake, Bill, Robert, Mike e Brett) vão para a Espanha participar da fiesta, semana de touradas, corridas, bebedeiras e festas (uma coisa meio carnavalesca), e é isso que aparece no livro. Saem de um bar pra ir a uma tourada, da tourada pra festa, dormem, acordam, vão pra corrida de touros atrás de pessoas, voltam pra um bar, bebem, festejam, tourada, dormem, bebem, saem, farreiam, tourada... E assim vai. Durante uma semana acompanhamos eles e seus bolinhos de fulano gosta de ciclana que fica com beutrano porque não pode ficar com fulantrano (?!) nessa fiesta.
Mas por que raios esse livro existe, então?!
Pois bem, foi o que eu disse. De nada vale lê-lo sem saber o que o autor queria dizer com ele.
Ele busca retratar essa geração perdida depois da guerra que, testemunha do conflito sangrento, acaba saindo da batalha mortificada, sem rumo, sem esperanças, sem propósito. E aí se joga num desenrolar aleatório de dias que carregam a sucessão insignificante de horas que transcorrem sua existência meio desconexa, sem início nem fim bem definidos. Como é na fiesta.
O livro fala do desalento que acaba por envolver os veteranos, fazendo-os vítimas entorpecidas ao relento de uma existência que não tem para o que se voltar, perdeu seu norteamento e por isso termina em uma uma sequência de dias não vividos, mas existidos.
"Ah, então o livro tem sua mensagem, sim."
É, tem. Mas não gostei do jeito que ela pretende chegar a nós; a escrita não me cativou, não me empolgou e nem ao menos me fez parar para refletir. Não basta um livro falar sobre algo que precisa ser falado. Se ele não faz isso de um jeito que me envolva, não vou gostar muito, não.
Não me envolveu. Não gostei.
"Então Hemingway é uma droga?"
Não, né. Certamente é um ótimo escritor para alguns que conseguem se deixar levar pela escrita do cara. E algo de bom deve ter, tanta notoriedade não viria do nada. Mas não foi uma boa escrita/leitura pra mim.
Ainda mais porque tenho NOJO de touradas. É uma bestialidade estúpida que usa a desculpa de "cultura" para legitimar uma matança inaceitável de animais indefesos, vítimas das garras humanas. E pra quem leu minha breve bio nesse site, deve saber que isso me repugna em níveis incomensuráveis.
Embora eu não recomende, longe de mim desencorajar uma leitura. Como já disse, às vezes é bom ler clássicos para tentar descobrir por que são clássicos.
Ao menos uma citação me rendeu:
"Durante o dia, nada mais fácil do que mostrar que não se importância, mas, à noite, é diferente."

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