Eu já havia feito uma resenha sobre os escritos de Jane
Austen, quando li Razão e Sensibilidade. E a experiência (desanimadora, como
você verá se ler a resenha de ReS), desta vez com Orgulho e Preconceito, embora
tenha sido um pouco melhor, de modo geral foi semelhante (conclui-se, um pouco
desanimadora também).

Jane e Bingley logo começam a se aproximar, e Elizabeth,
moça que se difere das outras por sua irreverência e inconformismo com o que
todos parecem achar o certo para as mulheres da época, acaba por atrair a
atenção de Darcy, que até então só havia se visto cercado de mulheres prontas a
agradá-lo e bajulá-lo falsamente. E os encontros e desencontros, entendimentos
e desentendimentos dos dois preenchem as páginas.
E por aí vai.
Eu até gostei de Elizabeth, sabe. Realmente era uma moça
diferente das desmioladas fúteis a que somos expostos na totalidade do livro,
mas eu esperava que suas posições contra aquele blá-blá-blá de ‘’toda moça
precisa de homem senão não tá bem na vida’’ fossem mais expressivas e fortes.
Então não entendo bem o posto de A Grande Feminista que alguns atribuem a ela.
Bom, Mr. Darcy conseguiu me conquistar um pouquinho, sim. Mas não TANTO ASSIM.
Simpatizei com ele pelo desprezo que ele acabava delegando às desnecessárias
vaidades e comportamentos cerimoniosos daqueles que o cercavam. Gostei do cara,
até. Mas também não consigo vê-lo como modelo de homem e cara dos sonhos,
embora seja interessante observar o desenvolvimento de seu caráter, impulsionado
pela atração que sentia por Elizabeth. Há também, como o título não deixa
esquecer, os confrontos entre o orgulho e preconceito de ambos com relação ao
outro, dado a diferença e contraste entre suas classes sócias –Darcy é muito
rico, enquanto Elizabeth nem renderia dotes notáveis ao noivo se se cassasse.
Jane Austen é muito elogiada pelos que se referem a seus
escritos como críticas àquela sociedade cheia de esnobismo, conformismo, e
tolas vaidades, além daquela visão estreita sobre as mulheres, que ditava que
elas só seriam alguém a partir do momento em que se casassem, e não incentivava
qualquer independência por parte delas. Se é essa a intenção dos livros dela,
ridicularizar aqueles hábitos, eu diria que conseguiu. O livro me encheu de
asco ante a personagens tão mesquinhos e odiosos, vou te contar. Lady
Catherine, Mrs. Bennet e Lydia são modelos ridículos e esdrúxulos de ser
humano. No entanto, assim como não vejo Lizzy como ‘’grande feminista’’, também
não percebi essa suposta crítica de forma explícita no livro. Não foi assim que
ele me soou. Para mim pareceu mais um livro escrito por uma mulher que
observava o seu meio e que decidiu passá-lo adiante através de relatos fictícios
em seus livros. Não uma crítica premeditada, mas sim um relato.
Claro que posso estar errada, mas foi isso que o livro me
passou. (Sorry
again, fãs da Jane.)
Ademais, Jane Austen tem sim uma escrita boa e fluída, de
modo que até mesmo para mim que não me encantei tanto pelo livro, não foi de
maneira nenhuma cansativo lê-lo. Embora a abordagem não tenha me agradado
tanto, pude tirar proveito, sim, da leitura. E ainda recomendo. Às vezes é bom
ler um clássico só pra tentar descobrir por que ele é um clássico. ;)
E uma citação referente aos incomuns modos de Elizabeth que
demonstra a visão que eles levavam as pessoas da época a ter dela:
‘’-Andar três ou
quatro milhas, ou cinco milhas, ou lá o que seja, com os tornozelos metidos na
lama, e sozinha, inteiramente sozinha! Que significa isto? Parece-me mostrar um
conceito abominável de independência, uma indiferença toda campestre à mais
elementar decência.’’
(Acho que isso resume bem as coisas. Risos.)
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