27/02/2017

Dedos de Pianista

De Charles Kiefer (amei esse nome)
É um livrinho fino de letras grandes, uma leitura simples e fluída, de um dia só. Não conhecia o autor em nada, mas ele é gaúcho e já teve notoriedade por aqui. Trouxe pra casa por causa do título (gosto de piano) e porque também amo contos, mas não fazia a menor ideia do que esperar. Não lamentei o que encontrei.
Não há muito como eu me alongar nessa resenha pois os contos são pequenos (como o livro todo) e obviamente não irei abordar cada um deles aqui. São 14 contos em apenas 58 páginas, mas devo dizer que o conjunto da obra me surpreendeu de um jeito muito bom. Amei a escrita do autor, ela mescla uma leveza carregada de toques melancólicos aqui e ali que não nos deixam reduzi-la nem a leve nem a pesada, e sim a uma junção das duas características; coisa rara, eu diria.
Kiefer tem vários livros mais longos e densos, mas resolveu reunir nesse um apanhado de seus contos distribuídos e publicados em diferentes jornais e outras mídias literárias. Dedos de Pianista é o título de um dos contos que o compõem (um dos meus favoritos, por sinal), e não se pode dizer que ele descreva numa sentença todos os títulos que compilam esse livro, pois os contos são inteiramente independentes entre si, sem nenhuma ligação entre eles.
Gaúcho, ele faz notar sua origem através de várias palavras tradicionais apenas ao Sul, mas não de forma muito rebuscada e ininteligível a quem nasceu depois de 99 e não vive num CTG. A leitura acabou se fazendo mais divertida pra mim por conta dessa característica.
No mais, devo dizer que a profundidade da escrita me tocou, me envolveu, me cativou e ganhou meu respeito. Há tantos trechos bonitos e singelos, até sagazes, espalhados por essas 58 páginas que tive que marcá-las a lápis (ainda tenho dó de usar caneta definitiva) várias vezes. As palavras, ditas por Kiefer, me conquistaram.
Não li nem um único romance dele, nem um único livro além desse, e talvez a forma com que ele discorre em suas publicações mais longas se demonstre diferente do que ele fez aqui, nesses contos, de maneira que não é certa uma aprovação de minha parte, uma simpatia quanto a seus outros livros; mas depois de ler esse, certamente estou disposta a arriscar, se outros exemplares dele cruzarem o meu caminho. Tô precisando aumentar o rol de escritores nacionais cujas páginas passaram sob meus olhos. ;)
Como previsto, esse resenha (isso chega a ser resenha?) vai ficar bem pequeninha, por conta da pequenez do exemplar abordado, então estou acabando ela por aqui. Consideremos uma pausa nos meus textões que ninguém aguenta ler. :)

Uma citação:
''O MENINO SENTIU UM CAROÇO NA GARGANTA, E NO PEITO UMA ANGÚSTIA MEDONHA; A FELICIDADE, QUANDO É DEMAIS, TAMBÉM MACHUCA.''
-Dedos de Pianista, o conto

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