Do Simon Van Booy
Existem livros bons, ótimos e maravilhosos, cuja qualidade, gostos à parte, ninguém questiona. Esses livros ganham prêmios, menções, fãs e notoriedade, além de render muito dinheiro - o que é ótimo; eles são bons mesmo. Merecem.Mas existe uma outra coisa também: livros que não são só bons ou ótimos, mas preciosos. Esses a gente encara como as pérolas raras que eles são, agradecendo pelo iluminado momento em que, depois de hesitar e ponderar um pouco, enfim decidimos tirá-los da estante pra levar pra casa, graças a Deus!, mesmo que nunca tivéssemos ouvido falar no título ou no nome do autor. Porque existem muitos livros bons, mas a gente (nós, os leitores) sabe que os verdadeiramente preciosos, que nos fazem ter vontade de agradecer ao universo pelo nascimento do(a) artista que os criou, são um em mil ou um milhão.
Só que claro, cada leitura é uma experiência íntima e pessoal, e não se pode afirmar como verdade absoluta que um livro será recebido por todos os leitores da mesma maneira. Ainda assim, O amor começa no inverno, para mim, foi uma verdadeira preciosidade. Uma jóia rara, uma espécie de bênção.
"Nossa, que bom que eu trouxe isso pra casa."
A escrita de Van Booy é poética, daquele tipo que parece conter o sentido da existência em cada linha, em cada ponto, no espaço entre uma palavra e outra. Numa mesma página ele me levava a parar de puro encantamento diversas vezes, encarando diferentes frases suas, pensando que meu Deus, como isso é lindo, como essa escrita é linda, como a vida através das palavras desse autor é linda. Risquei no livro (com lápis, porque é da biblioteca e eu vou precisar apagar depois de passar os trechos amados pro tumblr) as frases que me encantaram mais vezes do que seria aceitável pra borracha já gasta que eu vou ter que usar pra remover meus traços toscos depois, porque aqueles versos eram tão belos que eu não me perdoaria se os deixasse pra trás.
Em 221 páginas Van Booy nos conta cinco contos, cinco histórias sobre a vida de diversas pessoas diferentes. Todas elas transbordam sentimentos profundos e ancestrais que só quem faz parte desse espetáculo chamado vida pode reconhecer - ainda bem que todos nós fazemos; pena que teimamos em esquecer disso. Mas essas histórias estão aqui para lembrar a quem quiser ler, de forma intensa e com palavras poéticas de significados nem sempre fáceis de digerir, como existir é uma experiência tão densa, arrebatadora e intensa, e quão incrível é o simples ato de sentir.
Em 221 páginas Van Booy nos conta cinco contos, cinco histórias sobre a vida de diversas pessoas diferentes. Todas elas transbordam sentimentos profundos e ancestrais que só quem faz parte desse espetáculo chamado vida pode reconhecer - ainda bem que todos nós fazemos; pena que teimamos em esquecer disso. Mas essas histórias estão aqui para lembrar a quem quiser ler, de forma intensa e com palavras poéticas de significados nem sempre fáceis de digerir, como existir é uma experiência tão densa, arrebatadora e intensa, e quão incrível é o simples ato de sentir.
Em poucas linhas (o livro é curto, afinal) o autor nos faz mergulhar naquelas vidas que ele retrata e que parecem tão absurdamente reais e sensíveis, e essa é uma viagem sem volta da qual só nos libertamos (parcialmente, porque é impossível não ficar sentindo muito mesmo após o fim) ao término da ultima página.
Já disse por aqui que o que catapulta ou não livros lidos à minha estante de favoritos é o quanto eles me fazem sentir (da maneira que for), e esse livro elevou essa capacidade a seu nível máximo: eu ficava absolutamente boba, derretida e desconcertada ao fim de cada conto (por mais que uns sejam melhores do que outros), encarando a última página sem conseguir elaborar um pensamento coerente sequer.
O dom de Van Booy, como um crítico (de ótimo julgamento), fez questão de apontar, é, antes de ter uma escrita complexa e personagens bem desenvolvidos, conhecer a fundo a alma humana - e passar esse conhecimento pro papel com pureza, fluência e plenitude.
Eu não vou me alongar demais nessa resenha, porque o espaço pra descrições sobre o enredo não vai ser muito explorado, já que falar das cinco histórias seria muito dispendioso (ainda mais quando eu tenho um problema de "inchações na escrita", como já disse Stephen King, e me alongo demais). Mas fica aqui o registro de que minha favorita foi a primeira, cujo título também dá nome ao livro, sobre um violoncelista chamado Bruno e suas pedras, que encontra a moça Hannah e suas sementes, ambos feridos emocionante e carregando um peso debilitante originado no passado.
Já disse por aqui que o que catapulta ou não livros lidos à minha estante de favoritos é o quanto eles me fazem sentir (da maneira que for), e esse livro elevou essa capacidade a seu nível máximo: eu ficava absolutamente boba, derretida e desconcertada ao fim de cada conto (por mais que uns sejam melhores do que outros), encarando a última página sem conseguir elaborar um pensamento coerente sequer.
O dom de Van Booy, como um crítico (de ótimo julgamento), fez questão de apontar, é, antes de ter uma escrita complexa e personagens bem desenvolvidos, conhecer a fundo a alma humana - e passar esse conhecimento pro papel com pureza, fluência e plenitude.
Eu não vou me alongar demais nessa resenha, porque o espaço pra descrições sobre o enredo não vai ser muito explorado, já que falar das cinco histórias seria muito dispendioso (ainda mais quando eu tenho um problema de "inchações na escrita", como já disse Stephen King, e me alongo demais). Mas fica aqui o registro de que minha favorita foi a primeira, cujo título também dá nome ao livro, sobre um violoncelista chamado Bruno e suas pedras, que encontra a moça Hannah e suas sementes, ambos feridos emocionante e carregando um peso debilitante originado no passado.
Leiam pra descobrir o resto. Me fez sentir demais.
Eu peguei esse livro pensando que só faria uma menção breve a ele aqui no fim do mês, porque faz mais sentido pra mim escrever resenhas sobre histórias integrais, não coletâneas, como é o caso. Ele serviria como uma folguinha nas minhas resenhas, durante a qual eu poderia me debruçar sobre outros textos que estão nos rascunhos há um tempo. Mas no meio da primeira página (sim), mais ou menos, eu soube que ele me tocaria demais pra que eu o reduzisse só a algumas linhas rasas, e não a um texto inteiro. Eu não conseguiria me permitir tal omissão (sem querer ser piegas mas já sendo).
O Amor Acontece no Inverno me cativou demais. As palavras de Van Booy conversaram comigo como poucos autores conseguiram até então. Gosto dessas coisas que nos lembram como a vida pode ser linda, feliz... Ou triste e feia, do jeito que ela for. Mas de um jeito ou de outro, ela continua, acontece e é especial, e isso me aquece o coração.
Esse foi o único livro do autor que li até então, o segundo publicado por ele (o primeiro também era uma coletânea de contos), mas sei que ele tem pelo menos um romance por aí (segundo a orelha do livro), e fiquei com muita vontade de ver o que esse cara consegue fazer com uma história que correrá por mais de setenta páginas (mais ou menos o número de páginas do maior conto), porque se ele conseguiu me conquistar em dois parágrafos e com vários contos rápidos e pequenos, um romance inteiro parece uma experiência muito tentadora.
Tô querendo aumentar o cânone dos meus escritores favoritos da vida (de quem já li mais de um livro, no caso), que não tem visto nomes novos há um tempinho, e ele parece ser uma boa aposta.
Declaro oficialmente iniciada a temporada de caça a livros do Simon Van Booy nas estantes do (meu) mundo.
Eu peguei esse livro pensando que só faria uma menção breve a ele aqui no fim do mês, porque faz mais sentido pra mim escrever resenhas sobre histórias integrais, não coletâneas, como é o caso. Ele serviria como uma folguinha nas minhas resenhas, durante a qual eu poderia me debruçar sobre outros textos que estão nos rascunhos há um tempo. Mas no meio da primeira página (sim), mais ou menos, eu soube que ele me tocaria demais pra que eu o reduzisse só a algumas linhas rasas, e não a um texto inteiro. Eu não conseguiria me permitir tal omissão (sem querer ser piegas mas já sendo).
O Amor Acontece no Inverno me cativou demais. As palavras de Van Booy conversaram comigo como poucos autores conseguiram até então. Gosto dessas coisas que nos lembram como a vida pode ser linda, feliz... Ou triste e feia, do jeito que ela for. Mas de um jeito ou de outro, ela continua, acontece e é especial, e isso me aquece o coração.
Esse foi o único livro do autor que li até então, o segundo publicado por ele (o primeiro também era uma coletânea de contos), mas sei que ele tem pelo menos um romance por aí (segundo a orelha do livro), e fiquei com muita vontade de ver o que esse cara consegue fazer com uma história que correrá por mais de setenta páginas (mais ou menos o número de páginas do maior conto), porque se ele conseguiu me conquistar em dois parágrafos e com vários contos rápidos e pequenos, um romance inteiro parece uma experiência muito tentadora.
Tô querendo aumentar o cânone dos meus escritores favoritos da vida (de quem já li mais de um livro, no caso), que não tem visto nomes novos há um tempinho, e ele parece ser uma boa aposta.
Declaro oficialmente iniciada a temporada de caça a livros do Simon Van Booy nas estantes do (meu) mundo.
''ENTÃO ELE PENSOU NA IDEIA DE UM MUSEU: O REGISTRO FÍSICO DAS COISAS; A HISTÓRIA DE MILAGRES; O MILAGRE DA NATUREZA E O MILAGRE DA ESPERANÇA E DA PERSEVERANÇA, ARRANJADO PARA NUNCA SER ESQUECIDO, OU PERDIDO, OU SIMPLESMENTE CONFUNDIDO COM COISAS COTIDIANAS SEM IMPORTÂNCIA.''
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