27/11/2018

Joyland

Do Stephen King
Devin Jones é um cara no meio da graduação em letras que depois de uma desilusão amorosa embarca num trabalho de verão no parque de diversões interiorano Joyland, na Carolina do Norte, um daqueles lugares pitorescos, cheios de tradições próprias, figuras caricatas e visitantes caipiras. Estando lá justamente com a esperança de esquecer a ex, logo uma outra mulher de fato toma conta de seus pensamentos: Linda Grey, que foi assassinada por um serial killer no trem fantasma do parque, passando a assombrá-lo desde então, segundo a lenda.
Devin começa a ficar obcecado por esse crime, e logo ele alonga sua estada na esperança de descobrir a identidade indecifrável do assassino e libertar o espírito de Linda Grey, contando com a inusitada ajuda de Mike, um garotinho muito adoentado com dons mediúnicos incríveis, e a companhia errática da mãe do menino, Annie. E assim ele vive o ano e o verão mais maravilhoso e terrível de sua vida.
Esse livro me proporcionou uma leitura doce, apesar de sua premissa sombria, porque aqui ocorreu um dos meus fenômenos favoritos com livros do King: uma conexão pura e bonita com os personagens, que me conquistaram como só as melhores pessoas conseguem. Devin, Mike e Annie são muito cativantes e singelos, e é difícil não se deixar envolver por seus sentimentos como se eles fossem pessoas reais do nosso lado, passando por todos aqueles tormentos que merecem nossa plena atenção e que despertam em nós o companheirismo sentido apenas com personagens bem construídos e queridos.
Ele também é cheio daqueles trechos sensíveis e delicados que nos fazem ficar pensando nas singularidades da vida com um sorriso bobo e feliz no rosto, sabe?
Gosto de livros que me fazem sentir, e com Joyland eu senti toda a apreensão e insegurança de Devin diante de um crime tenebroso, relacionamentos incertos e uma juventude que chega ao fim; senti toda a tristeza e desespero de Annie vendo seu filho definhar diante de seus olhos sem nada que ela pudesse fazer; senti toda a alegria pueril de Mike olhando a pipa-Cristo voar pelos ares, dando ao vento a capacidade momentânea de levar embora toda a doença e dor, em sua felicidade inocente.
Nesse livro existe um espírito perturbado que assombra o parque, um assassinato macabro cometido por um serial killer que ainda está à solta e um mistério que permanece insolucionado; mas no fim, apesar de todos esses aspectos tétricos, Joyland é mais um livro sobre a pureza de sentimentos que afloram onde menos esperamos do que qualquer outra coisa. Desse modo, todo o sinistro se torna um pano de fundo bem encaixado que não rouba a notoriedade das questões existenciais.
É um livro sobre amizade, juventude, amor, companheirismo, solidão, tristeza... E esperança, também, já que ela insiste.
E sobre finais, porque, para o bem ou para o mal, eles sempre chegam - mesmo fora de histórias com páginas numeradas.
Joyland é curtíssimo, uma leitura pra dois ou três dias que você nem vê passar. Extremamente fluído e fácil de acompanhar, é uma boa porta de entrada para os livros do autor - embora eu ainda não tenha descoberto um que ganhe de Carrie nesse quesito, em minha opinião. Não é o melhor livro que já li do Stephen King, mas foi o melhor a ser lido nesse momento, por mim.
E como ele é pequeníssimo (240 páginas) e termina num piscar de olhos, vou imitar o autor, fazendo um favor a quem lê, e cortar a prolixidade encerrando a resenha por aqui, te deixando ir logo atrás do livro depois dessa minha devida recomendação. ;)

''O fim do meu primeiro amor não chega nem perto da morte de um velho amigo e do luto por outra, mas seguiu o mesmo padrão. Exatamente o mesmo. E, se pareceu o fim do mundo para mim - causando primeiro aqueles pensamentos suicidas (por mais bobos e desanimados que tenham sido) e depois uma mudança sísmica no curso antes inquestionável da minha vida -, você precisa entender que eu não tinha uma escala pela qual medir. Isso se chama ser jovem.''

2 comentários:

  1. Hello, you! Eu fui leitora durante muitos anos de King, mas fui perdendo a graça nos últimos tempos... A Torre Negra provavelmente ainda é minha série favorita - e não só dele, num geral. Joyland ainda estava na minha listinha de quero ler por causa da capa, que acho linda demais! Mas agora, com sua resenha, fiquei bem com mais vontade de ler. Vamos ver o que acho.

    E um PS: não li Carrie porque nunca me chamou atenção. Eu gosto mais das histórias do King que o pessoal não gosta. E vice versa, haha.

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  2. OLAR! AMO A Torre Negra, me desgraçou completamente (eu realmente fiquei em PRANTOS); adoro como a série inteira trabalha com o tempo, que é uma das coisas que mais ocupam meus pensamentos.
    Joyland é bem levinho, sabe, uma leitura doce e despretensiosa, pra fazer numa folguinha, mas eu já disse tudo isso. ;)
    Carrie foi o primeiro livro que li dele e foi o primeiro com o qual flertei com força, haha. Acho que é meu amorzinho dele.

    Hugs! :]

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