31/01/2019

Retrospectiva Literária 2018

Chegou o post sobre a única coisa que prestou em 2018: livros lidos.
Brincadeirinha. Os filmes e séries também foram bons.
Foram 50 livros (mesmíssima quantidade do ano passado, risos nervosos porque suspeito ser o TOC) e 16.453 páginas lidos no ano, com uma média de 329 páginas por livro e 45 páginas por dia (obrigada, skoob).
Listadinhos aqui:
Ruas Estranhas (vários autores), O Mundo Pós-Aniversário (Lionel Shriver), Malala - A Menina Que Queria Ir Para A Escola (Adriana Carranca), Dom Quixote (volumes I e II, Miguel de Cervantes), Convite Para Um Homicídio, Assassinato no Expresso Oriente, E Não Sobrou Nenhum E Outras Peças, Um Brinde de Cianureto (Agatha Christie), Garota Exemplar (Gillian Flynn), O Processo (Kafka), Memória de Minhas Putas Tristes (Gabriel García Márquez), Cartas a Um Jovem Cientista (Edward O. Wilson), A Amiga Genial, História do Novo Sobrenome, História de Quem Foge e de Quem Fica, História da Menina Perdida (Elena Ferrante), Albert Einstein (Fiona Mcdonald), O Conto da Ilha Desconhecida (Saramago), O Castelo (Kafka), Mansfield Park (Jane Austen), A Outra Volta do Parafuso (Henry James), Isaac Newton (Michael White), Métrica, Pausa, Essa Garota (Colleen Hoover), Achados e Perdidos, Mr. Mercedes, O Último Turno (Trilogia Bill Hodges), O Iluminado, Sobre a Escrita, Revival, Joyland, A Incendiária, Cujo (Stephen King), Um Dia (David Nicholls), Elogio da Loucura (Erasmo), A Vida Financeira dos Poetas (Jess Walter), O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu (Oliver Sacks), Minha Querida Sputnik (Murakami), Extraordinário (R. J. Palacio), O Desaparecimento de Katharina Linden (Helen Grant), A Cidade Murada (Ryan Graudin), O Livro Selvagem (Juan Villoro), Toda Poesia (Paulo Leminski), Amor à Moda Antiga (Carpinejar), A Sangue Frio (Truman Capote), Eleanor e Park (Rainbow Rowell), Assim Foi Auschwitz (Primo Levi), A Sentinela (Lya Luft) 

Livros escritos por mulheres (algumas autoras repetem): 21
Livros escritos por homens (alguns repetem também): 29

Livros nacionais: 4 (what a shame).

Maior livro: Dom Quixote, 1328 páginas em dois volumes.
Menor livro: Albert Einstein, 64 páginas.

Autores/as revelação favoritos/as: Elena Ferrante, David Nicholls, Jess Walter, Oliver Sacks, Leminski, Truman Capote, Rainbow Rowell, Primo Levi.

Autor que mais li: Stephen King, nove livros lidos.

Livros que mais me fizeram sentir/refletir: O Mundo Pós-Aniversário, Garota Exemplar, O Processo, Tetralogia Napolitana, Um Dia, O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu, Sobre a Escrita, Toda Poesia, Amor À Moda Antiga, Assim Foi Auschwitz, A Sentinela.

Sofrer: O Mundo Pós-Aniversário, Tetralogia Napolitana, Um Dia.

Rir: Dom Quixote, Sobre a Escrita, A Vida Financeira dos Poetas, Toda Poesia, Amor À Moda Antiga.

Capas favoritas: A Amiga Genial, História do Novo Sobrenome, Um Dia (é amorzinho e brega, mas me deixa), Sobre a Escrita, Minha Querida Sputnik, A Cidade Murada (simples de longe, complexa quando se olha perto, perfeita para o livro), Toda Poesia (o bigodinho do Paulitcho na capa é um charme) e Eleanor e Park. Adendo: a edição (capa, contracapa, páginas, letra, gravuras etc) integral mais fofa de todas foi a de Amor À Moda Antiga. <3

Melhor saga: Tetralogia Napolitana. Não sei nem como falar da perfeição dessa COISA.

Personagens que mais gostei: Dom Quixote e Sancho Pança (Dom Quixote AH, JURA?), Amy Dunne (Garota Exemplar)(pois é), Lenu e Lila (Tetralogia Napolitana), Matt Prior (A Vida Financeira dos Poetas), Andy McGee e Charlie (A Incendiária), Eleanor (Eleanor e Park).

Personagens que viraram crush: Zeroooo (pelo menos não que eu consiga lembrar, e se não consigo lembrar é porque não foi importante o suficiente e se o tempo pode afastar a gente é porque o nosso amor é fraco demais etc, vlw flw #Anira). I'm a winner.

As leituras mais memoráveis e que mais recomendo: O Mundo Pós-Aniversário (Lionel Shriver), Garota Exemplar (Gillian Flynn), Cartas a Um Jovem Cientista (Edward O. Wilson), Tetralogia Napolitana (Elena Ferrante), Um Dia (David Nicholls), O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu (Oliver Sacks), Sobre a Escrita, O Iluminado, A Incendiária (Stephen King), A Cidade Murada (Ryan Graudin), Toda Poesia (Paulo Leminski), A Sangue Frio (Truman Capote), A Vida Financeira dos Poetas (Jess Wlater), Amor À Moda Antiga (Carpinejar), Eleanor e Park (Rainbow Rowell).

Não gostei tanto/detestei: O Castelo (Kafka), Cujo (Stephen King), Mansfield Park (Jane Austen), Métrica, Pausa, Essa Garota (Coleenn Hoover)(essa última trilogia é PÉSSIMA).

E, por fim e mais importante, as melhores leituras do ano (com link para as resenhas que escrevi):

O Mundo Pós-Aniversário - Lionel Shriver
Shriver é impecável. É o segundo livro que leio dela e o segundo que me desgraça. Nessa história ela divide a vida de Irina, a protagonista, em duas ramificações diferentes, uma para cada "realidade paralela" resultante de decisões distintas suas a partir do momento em que ela beija/não beija um homem que não é seu marido. Os capítulos se intercalam e neles são abordadas as cadeias de acontecimentos que se seguem após cada decisão, em duas linhas temporais diferentes.
O fantástico do livro é poder explorar o "e se" que permanece oculto na vida real quando declinamos de uma decisão ou outra. Nunca saberemos o que aconteceria "se tivéssemos feito isso em vez daquilo" em nossa realidade, mas o livro nos permite visualizar esse campo oculto e devanear através de Irina.
Ele é muito bom mesmo, nos faz refletir demais. Virou um favorito da vida e me deixou completamente arrasada, como é o jeito Shriver.

Garota Exemplar - Gillian Flynn
Esse livro teve o maior blow mind do meu ano literário. Nele conhecemos Amy e Nick, um casal que parecia perfeito protagonista de uma história de amor idealizada até que Amy some deixando pra trás muito sangue e Nick passa a ser o principal suspeito do desaparecimento da esposa a cada novo avanço das investigações que não cessam de apontá-lo como culpado.
O livro tem um plot twist insano que traz consigo a principal reflexão que a autora quer nos levar a fazer, sobre estereótipos a respeito de uma minoria eternamente subestimada na sociedade.
O livro é tão maravilhoso e louco ao mesmo tempo que eu ficava simultaneamente ansiosa e com medo de lê-lo, porque sabia que a cada página lida eu me aproximava de uma bomba que estouraria na minha cara a qualquer momento - e ela estourou mesmo e fez estrago, porque foi um dos livros que mais me desestabilizaram emocionalmente.
Preciso achar mais de Gillian Flynn por aí, urgentemente.

Já essa leitura foi a mais viciante do ano.
São pouco mais de 1700 páginas que eu li em vinte e poucos dias só porque estive no trabalho por nove horas diárias durante o período. Eu engoli a tetralogia como uma esfomeada, e foi insano. Nada que eu disser aqui será suficiente pra expressar o quanto esses quatro livros mexeram comigo.
Nessa saga conhecemos Lenu e Lila, eternas amigas e rivais que competem tacitamente entre si pra ver quem é a mais genial e excepcional, uma à sombra da outra.
Esse é o núcleo narrativo da trama, mas Ferrante abre espaço pra diversas outras abordagens a respeito da existência feminina, desigualdade e conflitos de gênero com os quais toda mulher que não viveu os últimos dez anos numa caverna consegue se identificar com força.
O primeiro volume leva "genial" no nome, mas esse é um termo que podemos usar pra descrever toda a série. Ferrante e sua tetralogia são geniais e impecáveis. Me desgraçaram emocionalmente de maneiras inenarráveis.
Dizer que eu recomendo é pouco. Eu os enfiaria por sua goela abaixo se fosse possível e dane-se o seu direito de escolha.

Aaahhh, esse livro. Nele conhecemos Emma e Dexter, dois amigos que se conheceram no dia da formatura na faculdade e que constroem uma amizade cheia de significado que dura décadas. Só que por trás da amizade deles há um apelo romântico que cutuca os dois e que eles gostam de ignorar. Acompanhamos eles sempre nos dias 15 de julho durante vinte anos até o desfecho de seu relacionamento, um final de rachar a cara e o coração da gente e que carrega muito significado, reflexões e sentimentos infindáveis consigo.
É um best seller porque é bom pra caramba e contém tudo o que há de melhor na literatura inútil: uma escrita fluidíssima que a gente nem vê passar, personagens cativantes e um enredo que nos prende.
Eu fiquei total e completamente bugada da cabeça com esse livro, como digo na resenha. Não sabia o que fazer da vida ao término da leitura e fiquei encarando a última página em catatonia.
Acho que é antes um livro sobre tempo do que sobre amor, mas é sem dúvida um livro sobre o amor no tempo.
Vá ler já, é um queridinho da literatura contemporânea que eu só não tô planejando reler logo porque não tô pronta pra montanha russa de sentimentos tão cedo. 

Antes de ser um neurologista maravilhoso, Sacks é um ser humano maravilhoso, e nesse livro ele faz uma coletânea com relatos de várias experiências que teve com diferentes casos e pacientes, vitimados por disfunções neurais bizarríssimas e extraordinárias. Há um homem que literalmente confunde a cabeça da esposa com um chapéu graças a uma agnosia visual, só pra citar o exemplo do título.
Ele é maravilhoso pra quem se interessa por medicina e/ou pelos intrincados mistérios da mente humana. Mas seu alcance vai muito além disso porque Sacks é uma criatura ímpar e admirável, uma pessoa sensível, bondosa, inteligente e gentil como poucas são, que gosta de transitar entre as essências da vida antes de se preocupar com seu sentido, e isso permeia toda a obra.
É um livro que apesar de provavelmente não funcionar com todos, deve pelo menos ser recomendado a todos se houver alguma justiça no mundo, porque nos faz pensar sobre o quanto nossa mente é fantástica - às vezes de um jeito ruim, mas sempre de um jeito memorável.
Sacks é um tiozinho com o qual eu gostaria de tomar um café enquanto conversamos sobre os fascínios da existência.
Esse livro é uma espécie de semibiografia disfarçada de manual da escrita (ou seria o contrário?) que o King escreveu. Embora ele seja repleto de dicas sobre como escrever bem, o que mais pesou pra mim foram os momentos em que o autor abriu a porteira da própria vida e nos falou sobre si mesmo, seu passado e presente, seus sentimentos, pensamentos, tormentos e tudo o que formou o escritor que conhecemos hoje.
Ele é especialmente legal por mesclar esses dois gêneros porque assim vemos as convergências entre a vida e a obra de um escritor, e o quanto uma influencia e codepende da outra.
Ele é feito pra quem é apaixonado pela escrita ou é fã do Stephen. Se você se encaixa nas duas categorias, como eu, é leitura obrigatória.
Além de tudo, é divertidíssimo, e o bom humor sempre merecerá uma recomendação aqui.

Toda Poesia - Paulo Leminski 
2018, o ano em que ocorreu o antes impensável: um livro de poesia entrou para a lista dos meus favoritos da vida.
Eu sempre senti que havia o impeditivo dos supostos formalismo e cultualidade que cercam as obras pra que eu genuinamente aproveitasse a poesia, mas Leminski, esse gênio zueiro, quebrou esse gelo pra mim esse ano.
Ele escreve poesias marginais que não se preocupam com as regrinhas e detalhes tradicionalmente impostos ao gênero, e isso me encheu de amor porque ele rima e faz versos muito cotidianos, bonitos e singelos que falam demais com a simplicidade do dia a dia.
Eu fiquei total e completamente encantada com o livro. Eu lia sorrindo boba e correndo entre as páginas querendo sair pulando de alegria com ele no colo.
Esse livro foi muito especial porque além de ser o primeiro livro de poesia que favorito na minha vida de já 20 anos, ele me fez sentir um gosto que eu não conhecia antes ao fazer essas leituras e me deixou com VONTADE de ler poesia, o que também não me era familiar, apesar de eu já ter flertado um pouquinho com outras obras.
Ao término da leitura, eu logo embarquei de cara em outros livros de poesia e foi como se um outro universo, pelo qual eu sempre passava mas ao qual nunca atentava, se descortinasse à minha frente.
Toda Poesia foi um livro que me mudou como leitora, e por isso ele merece todas as menções que eu puder fazer. Tenho certeza de que será um favorito absoluto até o fim dos meus dias.

Encerro essa retrospectiva com Uma Citação Pra Guardar No Coração (foram muitas, dificílimo escolher, fui quase no uni duni tê, a breguisse do tópico é muito real e necessária):

''-Os livros são insistentes. Por isso se tornam clássicos.''
-O Livro Selvagem, Juan Villoro

Um bom 2019 em leituras pra todos nós, se o apocalipse não chegar logo. :)

8 comentários:

  1. Adoro aquele resuminho do ano que o Skoob faz <3

    Fiquei sabendo por fontes confiáveis que o mundo vai acabar em 2019, tanto que escolhi pra ler nesse ano só os livros que eu quero MUITO ler, pra eu morrer sem nenhum arrependimento ahahahah Ah, A Cidade Murada tá nessa lista!

    Acho 50 livros lidos no ano um número muito bom, a minha meta pra 2019 é ler um por semana (ou seja, 52 livros no ano).

    Li Um Dia em 2012 e achei muito chato, o que me fez sentir uma estranha, já que quase todo mundo que leu adorou e tal :/

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  2. ACABA, MUNDO, NUNCA TE PEDI NADA.

    Eu quase nunca inicio o ano com meta de títulos específicos (tipo a que dá pra fazer no skoob) porque eu sei que vários outros vão surgir na biblioteca e se atravessar na frente da minha lista, então simplesmente desisti de tentar, haha. Só que sempre tem aqueles três ou cinco que a gente quer MUITO ler, né?! Tenho os meus, sim! <3

    Eu pensei em fazer uma menção honrosa a A Cidade Murada na retrospectiva só porque esteve entre os três melhores YAs do ano!

    Eu fico bem satisfeita com 50 lidos no ano, especialmente porque sei que é um número bom e que não me impede de aproveitar de fato as leituras, porque no meu ritmo não houve "pressa". Mas olha, tô achando que em 2019 essa marca vai cair na lama, porque iniciei o ano em ressaca e saturada mentalmente, por vários fatores. Talvez seja um ano de "folga mental" na minha vida, depois da zoera que foi 2018. Mas vamos ver, estamos recém no segundo mês, talvez eu comece a ler a todo vapor uma hora, haha. Um livro por semana é pros feras!

    Com certeza você é estranha. Não SÓ por não ter gostado de Um Dia (estou em choque), mas TAMBÉM por isso, migue. Beijes.
    Hahaha <3<3!!!

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    1. Eu também nunca faço, mas como esse ano eu me proibi de comprar/trocar/emprestar livros novos pra diminuir minha pilha de livros por ler, separei 52 livros entre os que eu já tenho :D

      A duologia Lobo por Lobo da Ryan Graudin é maravilhosa, por isso tô empolgada pra ler A Cidade Murada!

      Achei que ia terminar os livros na metade de cada semana, mas tô ficando até atrasada na minha meta :/ Não sei o que que tá acontecendo, ano passado consegui ler 100 livros!

      <3<3

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    2. 100 livros? Você é uma D E U S A.

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  3. esse ano pretendo ler mais! não consegui capturar o dom quixote da cosac, então estou lendo uma adaptação simples da editora pé da letra e rindo muito! estou lendo também 'mulheres que correm com os lobos', que recomendo demais. preciso também resenhar minhas leituras, para me lembrar minimamente do que absorvi. 2019 está sendo ativo, então acho que agora vai!

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    1. Dom Quixote é um SARRO, né? Me arrancou muitos engasgos (porque é assim que eu rio, dá licença). Não conhecia Mulheres Que Correm Com Os Lobos, vou procurar!
      Eu tava com o planejamento de anotar SEMPRE um pouquinho do que li, aqui no blog mesmo, e isso é muito legal, sabe? Te ajuda a colocar as coisas em perspectiva e te livra da impressão de que você passou incólume pelas leituras, que sempre deu pra absorver algo - mesmo que seja uma bosta. No fim do ano eu me embananei toda, mas espero poder falar desses livros uma hora e retomar o costume.
      2019 mal começou e parece que já deu errado pra mim nesse sentido, hahaha, mas enfim, para tudo há um tempo. Boas leituras pra nós! <3

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  4. Quando eu crescer quero conseguir ler Elena Ferrante também.

    Limonada

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    1. Hahahaahahaha, sai daêêêêêêê!!! Vá ler já, tu vai AMAAAAAAAAAAAAAAAAAR. Alguém que escreveu AQUELA resenha de A Vida Invisível de Eurídice Gusmão NECESSITA ler Ferrante.

      (Sério, mocinha. Não ouse voltar com essa frescura aqui.)(Mentira, Ferrante desgraça mesmo, a pessoa tem que estar pronta.)(Mas nunca vai estar.)(Beijas.)

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