Tempos atrás, no meio do ano de 2015, eu tive uma crise maníaco depressiva.
Afundei completamente em minha própria mente e foi difícil me agarrar às bordas de meu abismo para conseguir sair para fora dele.
Como resultado disso, meses após consultas individuais e muitas sessões com um psicólogo, me vi frequentando um grupo de apoio.
O que encontrei lá foi algo que me fez pensar e sentir certo desagrado. As sessões (que ainda estão em curso) foram cercadas por jovens que não estavam felizes consigo mesmos (estavam, inclusive, em estágio depressivo por conta da aversão pessoal que sentiam com relação a si mesmos e aos outros), jovens cuja motivação principal de estar ali era ''dar um jeito de mudar para se encaixar nesse ou naquele grupo social''.
A ideia dessa motivação vem me cercando desde os primórdios do meu teatamento psicoterápico, quando comecei a perceber que, entre não permitir mais que minha mente tomasse conta de mim e subjugasse todo o meu viver, também estava comigo a sútil consciência desse pensamento ''mude, você precisa mudar, ser assim é errado, mude''.
Esse é o sentimento imposto pelo meio a toda pessoa cuja personalidade é mais introvertida, menos desenvolta, acanhada e não tão propensa a desenvolver relacionamentos com facilidade. E é aceito.
''Sim, realmente, não é bom ficar tão quieta, ter poucos amigos, ser mais isolada.'' Pode não ser mesmo, mas há que se encontrar uma maneira de administrar a própria personalidade para se ter uma autoconsciência pacífica, não dar apoio ao sentimento de que o "eu" pessoal é defeituoso em sua essência natural.
O que encontrei lá foi algo que me fez pensar e sentir certo desagrado. As sessões (que ainda estão em curso) foram cercadas por jovens que não estavam felizes consigo mesmos (estavam, inclusive, em estágio depressivo por conta da aversão pessoal que sentiam com relação a si mesmos e aos outros), jovens cuja motivação principal de estar ali era ''dar um jeito de mudar para se encaixar nesse ou naquele grupo social''.
A ideia dessa motivação vem me cercando desde os primórdios do meu teatamento psicoterápico, quando comecei a perceber que, entre não permitir mais que minha mente tomasse conta de mim e subjugasse todo o meu viver, também estava comigo a sútil consciência desse pensamento ''mude, você precisa mudar, ser assim é errado, mude''.
Esse é o sentimento imposto pelo meio a toda pessoa cuja personalidade é mais introvertida, menos desenvolta, acanhada e não tão propensa a desenvolver relacionamentos com facilidade. E é aceito.
''Sim, realmente, não é bom ficar tão quieta, ter poucos amigos, ser mais isolada.'' Pode não ser mesmo, mas há que se encontrar uma maneira de administrar a própria personalidade para se ter uma autoconsciência pacífica, não dar apoio ao sentimento de que o "eu" pessoal é defeituoso em sua essência natural.
Todas essas concepções pré formadas na cabeça do ser humano inserido em sociedade são resultado de uma massa procurando delimitar o comportamento de uma minoria, a qual sofre o jugo de ser enquadrada numa "zona problema" por aqueles que não a compreendem.
É interessante (de um jeito lamentável) observar o quanto e com que rapidez essa visão consegue ser incutida na consciência daqueles que estão sob essa perspectiva -os tímidos e socialmente acanhados. A pessoa com uma personalidade mais fechada é desde cedo abertamente enquadrada na classe de "personalidades a serem mudadas" e, ao longo de seu crescimento como pessoa e desenvolvimento como cidadão social, está sempre condicionada a essa premissa de "por ser tímido há um aspecto de minha maneira de ser que precisa ser arrumado e readequado para exercer efetivamente o que eu preciso ser entre as pessoas".
Existem jeitos e trejeitos que, de fato, dificultam e enchem o dia a dia de certas pessoas de barreiras que, realmente, seriam de grande vantagem serem trabalhadas para que não se tornem grande empecilho na vida de quem as manifesta. Mas não se pode generalizar num aspecto como esse, tendo que se atentar ao fato de que cada indivíduo é um indivíduo, levando consigo todas as suas peculiaridades, sejam elas "boas" ou "ruins" -e essa também é uma questão discutível: quem determina quais características pessoais são consideravelmente maléficas ou benéficas? A resposta mais justa é: o próprio indivíduo que as carrega, também levando em conta, porém, a maneira com que tais características refletem e afetam o próximo. Mas, fundamentalmente, essa é uma auto reflexão que precisa ser feita individualmente.
O ponto central que estou tentando discutir e defender nesse texto é que a timidez e acanhamento precisam, para o bem dos tímidos e também dos extrovertidos, ser dissuadidos de sua impressão plantada no meio social que as vê como características malditas.
A timidez não necessita de um extermínio e os tímidos não precisam de conserto.
Essas duas alternativas, porém, são viáveis e poderiam ser convenientemente empregadas para dar fim a pobres, mas reais rótulos sociais como, por exemplo, o preconceito que permeia o olhar de muitos sobre a timidez e o acanhamento.
;)
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