Mescelâneas são textos mensais que faço com comentários irrelevantes sobre livros lidos, filmes/séries assistidos e links visitados no mês em questão. Fique à vontade pra clicar no xis e fazer algo mais produtivo com a sua vida a qualquer momento. Sem ressentimentos.
Junho e julho foram realmente terríveis, então o ritmo da minha vida como um todo caiu de cara no chão. Os livros, séries, filmes e interação social foram junto. Eu não apareci aqui pra fazer os apanhados mensais (que me divertem bastante, diga-se de passagem), então, por mais que eu tenha ficado chorando em posição fetal na minha cama na maior parte do tempo (nem pergunte), as coisas acumularam e esse texto provavelmente vai ficar gordinho porque ele abarca dois meses inteiros, apesar de eles terem sido bem vazios.
Desculpaí, mas vamos lá.
Elogio da Loucura é um livro em que a Loucura fala diretamente com a gente, exaltando suas inumeráveis e imprescindíveis qualidades, incansavelmente renegadas pela humanidade que a relega a uma posição de desonra. Aqui ela fala de como só vivemos felizes e usufruímos de diversos outros sentimentos e momentos satisfatórios por causa dela, e de como nossa existência seria insípida sem um pouquinho de loucura.
Eu amei o tom satírico do livro, que é carregado num humor depreciativo do início ao fim, mas às vezes o autor se perde na caminhada e desfia considerações questionáveis sobre alguns assuntos. Discordo com todas as forças de alguns pensamentos que ele difunde, então tenho muitas ressalvas.
Ainda assim, é interessante, porque às vezes a loucura precisa, sim, ser celebrada.
A Vida Financeira dos Poetas é uma sátira moderna à vida adulta ordinária que todos levamos. O protagonista é um jornalista frustrado e recém demitido que fracassou em um empreendimento pessoal, um site que discute economia em verso (bem ruim, eu sei), e que desde então caiu em uma cadeia de erros e tragédias pessoais infindável: falido e prestes a perder a casa, com a esposa flertando com um ex, dois filhos pra sustentar, um pai senil e muitos outros dramas dispensáveis.
Junho e julho foram realmente terríveis, então o ritmo da minha vida como um todo caiu de cara no chão. Os livros, séries, filmes e interação social foram junto. Eu não apareci aqui pra fazer os apanhados mensais (que me divertem bastante, diga-se de passagem), então, por mais que eu tenha ficado chorando em posição fetal na minha cama na maior parte do tempo (nem pergunte), as coisas acumularam e esse texto provavelmente vai ficar gordinho porque ele abarca dois meses inteiros, apesar de eles terem sido bem vazios.
Desculpaí, mas vamos lá.
Li
Foram quatro livros lidos nesses dois meses (eu vinha de um ritmo de 6/7 livros por mês, então perceba como as merdas supracitadas que não devem ser nomeadas espalharam bonito ao atingir o ventilador): Elogio da Loucura (Erasmo), A Vida Financeira dos Poetas (Jess Walter), O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu (Oliver Sacks) e Sobre a Escrita (Stephen King).Elogio da Loucura é um livro em que a Loucura fala diretamente com a gente, exaltando suas inumeráveis e imprescindíveis qualidades, incansavelmente renegadas pela humanidade que a relega a uma posição de desonra. Aqui ela fala de como só vivemos felizes e usufruímos de diversos outros sentimentos e momentos satisfatórios por causa dela, e de como nossa existência seria insípida sem um pouquinho de loucura.
Eu amei o tom satírico do livro, que é carregado num humor depreciativo do início ao fim, mas às vezes o autor se perde na caminhada e desfia considerações questionáveis sobre alguns assuntos. Discordo com todas as forças de alguns pensamentos que ele difunde, então tenho muitas ressalvas.
Ainda assim, é interessante, porque às vezes a loucura precisa, sim, ser celebrada.
A Vida Financeira dos Poetas é uma sátira moderna à vida adulta ordinária que todos levamos. O protagonista é um jornalista frustrado e recém demitido que fracassou em um empreendimento pessoal, um site que discute economia em verso (bem ruim, eu sei), e que desde então caiu em uma cadeia de erros e tragédias pessoais infindável: falido e prestes a perder a casa, com a esposa flertando com um ex, dois filhos pra sustentar, um pai senil e muitos outros dramas dispensáveis.
Esse livro é sobre como às vezes a vida consegue ser uma bela merda atirada na nossa direção por todos os lados, apesar dos nossos planos e precauções, e deu tudo errado mesmo, somos todos ordinários no final, o futuro idealizado falhou bonito e é isso aí, fera.
Mas o livro é bom por causa do humor do protagonista, que é aquele tipo de pessoa que tá afundada na lama até o pescoço mas continua fazendo piada com tudo porque o que mais nos resta, não é mesmo?
A leitura foi particularmente divertida pra mim por conta desse senso de humor meio deturpado e doentio porque eu vivo sendo lembrada do quanto isso é encarado com reprovação por muita gente, como uma espécie de humor negro autodepreciativo que deveria ser evitado: ''você sempre ri nas horas erradas, Carolina''. Que droga a vida seria se eu levasse isso a sério.
O protagonista se permite a autodepreciação sem culpa, e o livro é hilário demais por conta disso. Foi delicioso lê-lo, um descanso mental, porque ele cumpre bem a função de um Young Adult sem ser Young, sabe? Maravilhoso.
A única coisa que não gostei é que ele releva um pouco a carreira escrita do cara e deixa isso em segundo plano, quase como se ele nem fosse escritor, e eu teria amado se o livro desse mais ênfase a isso, porque foi o que me interessou, pra começar.
Mas no mais eu adorei e vou me jogar de cara em outras obras do escritor.
É pra ler se você quiser se divertir. Não me venha com críticas eruditas descartáveis.
O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu é um livro do neurologista Oliver Sacks (cuja existência eu descobri em um livro do Carl Sagan) em que ele fala sobre casos de disfunções neurais bizarras com os quais já se deparou. O paciente que dá nome ao livro, por exemplo, tinha uma agnosia visual (uma doença que impossibilita que portador reconheça objetos, figuras e imagens através dos sentidos) tão severa que o impedia de identificar o próprio rosto no espelho, parentes e amigos em fotos, objetos variados ao seu redor etc. Ele literalmente confunde a cabeça da esposa com um chapéu, em dado momento. Esse é o nível das patologias apresentadas.
É um livro muito interessante e sensível, porque Sacks é uma pessoa admirável, muito além da sua já extraordinária competência profissional.
Devidamente favoritado. <3
Sobre a Escrita é o livro do King que é uma verdadeira aula sobre escrever com pitadas autobiográficas - e humorísticas, como ele não poderia deixar faltar. O livro é bastante hypado e não tem muito como me prolongar falando sobre ele aqui, até porque já escrevi uma resenha inteirinha pro querido. Demorei pra achar na biblioteca porque ele não estava na estante do King, e sim das biografias, e quase tive um treco quando vi.
Stephen King, um dos maiores autores contemporâneos, falando sobre a escrita. Sem mais. Um amor. Outro favoritinho.
Foram três filmes e cinco temporadas de quatro séries diferentes assistidos em junho e julho.
O Caçador e a Rainha do Gelo
Mas o livro é bom por causa do humor do protagonista, que é aquele tipo de pessoa que tá afundada na lama até o pescoço mas continua fazendo piada com tudo porque o que mais nos resta, não é mesmo?
A leitura foi particularmente divertida pra mim por conta desse senso de humor meio deturpado e doentio porque eu vivo sendo lembrada do quanto isso é encarado com reprovação por muita gente, como uma espécie de humor negro autodepreciativo que deveria ser evitado: ''você sempre ri nas horas erradas, Carolina''. Que droga a vida seria se eu levasse isso a sério.
O protagonista se permite a autodepreciação sem culpa, e o livro é hilário demais por conta disso. Foi delicioso lê-lo, um descanso mental, porque ele cumpre bem a função de um Young Adult sem ser Young, sabe? Maravilhoso.
A única coisa que não gostei é que ele releva um pouco a carreira escrita do cara e deixa isso em segundo plano, quase como se ele nem fosse escritor, e eu teria amado se o livro desse mais ênfase a isso, porque foi o que me interessou, pra começar.
Mas no mais eu adorei e vou me jogar de cara em outras obras do escritor.
É pra ler se você quiser se divertir. Não me venha com críticas eruditas descartáveis.
O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu é um livro do neurologista Oliver Sacks (cuja existência eu descobri em um livro do Carl Sagan) em que ele fala sobre casos de disfunções neurais bizarras com os quais já se deparou. O paciente que dá nome ao livro, por exemplo, tinha uma agnosia visual (uma doença que impossibilita que portador reconheça objetos, figuras e imagens através dos sentidos) tão severa que o impedia de identificar o próprio rosto no espelho, parentes e amigos em fotos, objetos variados ao seu redor etc. Ele literalmente confunde a cabeça da esposa com um chapéu, em dado momento. Esse é o nível das patologias apresentadas.
É um livro muito interessante e sensível, porque Sacks é uma pessoa admirável, muito além da sua já extraordinária competência profissional.
Devidamente favoritado. <3
Sobre a Escrita é o livro do King que é uma verdadeira aula sobre escrever com pitadas autobiográficas - e humorísticas, como ele não poderia deixar faltar. O livro é bastante hypado e não tem muito como me prolongar falando sobre ele aqui, até porque já escrevi uma resenha inteirinha pro querido. Demorei pra achar na biblioteca porque ele não estava na estante do King, e sim das biografias, e quase tive um treco quando vi.
Stephen King, um dos maiores autores contemporâneos, falando sobre a escrita. Sem mais. Um amor. Outro favoritinho.
Foram três filmes e cinco temporadas de quatro séries diferentes assistidos em junho e julho.
O Caçador e a Rainha do Gelo
Não me interesso nada por essas releituras modernas de contos de fadas, mas estava na casa de uns amigos no sábado, depois de de afundar a cara em salchipão e uma rodada de Imagem e Ação, eles decidiram assistir e eu não era a dona da Netflix. ¯\_(ツ)_/¯
Mas sabe que não foi horrível? Quer dizer, não dá pra ter muita pretensão, mas o filme tem uma boa produção, então não saí sangrando pelos olhos. Tem um enredo consistente, figurinos e maquiagem competentes e efeitos visuais um tanto encantadores. É uma fantasia bem feita, em termos técnicos, digamos, mas nada que se compare aos clássicos fantásticos de renome (o pedantismo tá forte), porque tem umas bobices também.
Porém, o elenco de peso acaba fazendo valer, e, francamente, desculpa o fangirling escancarado, mas que desgraça de homem bonito é o Chris Hemsworth? Precisava ter aquela cara? Precisava ser tão maravilhoso? Precisava até dar raiva? Peloamor. Que criatura divina.
Me senti uma mulher hétero ao extremo assistindo ao filme.
(A Jessica Chastain também é sempre incrível, mas eu fiquei meio distraída pelo colega de elenco mesmo.)
Os Incríveis 2
Os Incríveis 2
Já que 2018 tem que servir pra alguma coisa, eu, minha irmã mais nova e minha mãe (que é a pior parceira pra filmes da história; ela confunde Tom Hanks com Whoopi Goldberg) fomos assistir a essa continuação aguardada há mais de uma década (!) no cinema, num lapso de novidade outsider em nossas vidas paradas em casa.
Não é tão bom quanto o um, mas O QUE É TÃO BOM QUANTO OS INCRÍVEIS 1, não é mesmo?
Eu não vou perder tempo falando de enredo porque existe toda uma geração que esteve esperando esse filme e que não carece das minhas descrições podres, mas preciso dizer que ZEZÉ RULES.
E, claro, a nostalgia é muito boa.
E, claro, a nostalgia é muito boa.
Hotel Transilvânia 3
Nunca vou ao cinema por pobreza, mas uma semana depois de assistir aos Incríveis o turno da tarda da escola em que eu trabalho fez um passeio no último dia de aula, antes das férias de meio de ano, e lá fui eu com meu aluno assistir a essa desgraça.
O filme é bem, bem ruim mesmo. Ele é só pra crianças, não tem o senso de humor refinado daquelas animações mais adultas, mas mesmo pra algo infantil o negócio peca de todos os jeitos. O enredo é completamente absurdo e não tem pé nem cabeça. Meu cérebro saiu em coma.
Só valeu por ter visto a faceirice do meu aluno em sua segunda vez no cinema (ele é de uma família BEM pobre, mora numa ocupação) e pelos surtos da prô louca deles em pleno shopping.
Mindhunter
Me bateu uma vontade louca de assistir a séries investigativas e criminais, então lembrei de Mindhunter e fui olhar.
AMEI.
A história é baseada em fato reais, narrados num livro escrito pelo psicólogo-detetive transformado no protagonista Holden, que foi o homem que começou a introduzir a psicologia como peça fundamental na hora de premeditar e prevenir crimes, através do estudo da mente dos criminosos.
Mindhunter dividiu opiniões porque não é uma série investigativa como estamos acostumados, com caça a assassinos perigosos em cada episódio e muito suspense. Ela traz crimes e mistérios que vamos tentando destrinchar e algum suspense, sim, mas a questão é que o propósito dela é enfocar a árdua introdução da psicologia nessa área. Ela dá ampla visibilidade ao cenário intolerante que essa ciência teve que encarar até conseguir o mínimo de aceitabilidade, especialmente naquele ambiente em que uma suposta masculinidade inflexível era a regra.
Por isso, na opinião de muita gente, a série acaba sendo mais arrastada e com picos de ação menos contundentes que CSI, por exemplo. Mas devo dizer que não tenho críticas ao ritmo dela: eu ENGOLI aqueles episódios.
Eu amo psicologia e amo perícia criminal, então AMEI DEMAIS TUDO ISSOMCDONALD'S.
Me bateu uma vontade louca de assistir a séries investigativas e criminais, então lembrei de Mindhunter e fui olhar.
AMEI.
A história é baseada em fato reais, narrados num livro escrito pelo psicólogo-detetive transformado no protagonista Holden, que foi o homem que começou a introduzir a psicologia como peça fundamental na hora de premeditar e prevenir crimes, através do estudo da mente dos criminosos.
Mindhunter dividiu opiniões porque não é uma série investigativa como estamos acostumados, com caça a assassinos perigosos em cada episódio e muito suspense. Ela traz crimes e mistérios que vamos tentando destrinchar e algum suspense, sim, mas a questão é que o propósito dela é enfocar a árdua introdução da psicologia nessa área. Ela dá ampla visibilidade ao cenário intolerante que essa ciência teve que encarar até conseguir o mínimo de aceitabilidade, especialmente naquele ambiente em que uma suposta masculinidade inflexível era a regra.
Por isso, na opinião de muita gente, a série acaba sendo mais arrastada e com picos de ação menos contundentes que CSI, por exemplo. Mas devo dizer que não tenho críticas ao ritmo dela: eu ENGOLI aqueles episódios.
Eu amo psicologia e amo perícia criminal, então AMEI DEMAIS TUDO ISSO
A série é maravilhosa e me viciou completamente, assisti de uma vez só, da tardinha até a madrugada.
É dirigida pelo David Fincher, um dos meus diretores favoritos de todos os tempos e além.
Uma série. Dirigida pelo Fincher. É isto.
American Crime Story: The People x O. J. Simpson
Demorou pra me interessar porque eu já tinha visto trocentos mini documentários sobre O Julgamento do Século, e tirando o veredito, que pra mim é um completo absurdo, eu não achava a história tão interessante. Mas ouvi muitos elogios à série, então resolvi apostar.
Não gostei do formato, achei meio brega, muito Law & Order, e a direção não caiu nas minhas graças (não ajudou muito eu ter recém saído de um Fincher, mas ok), então não pretendo continuar assistindo às próximas temporadas (ela é ontológica, então o julgamento de O.J. iniciou e terminou nessa temporada, fim).
Mas eles souberam contar a história de um jeito que nos instiga, então fica aberta a recomendação, especialmente pra quem não conhece o caso.
O. J. era um jogador de futebol americano queridinho dos EUA (um rosto que aparecia nas caixas de cereal), então quando ele se tornou o único suspeito de um homicídio duplo, as pessoas piraram. Só que estava NA CARA que ele era o culpado, absolutamente TODAS as evidências o condenavam (se você me disser que não foi ele nós vamos ter uma briga ideológica), só que seus advogados aproveitaram o contexto péssimo com os casos de racismo na polícia e iniciaram uma guerra racial cheia de teorias da conspiração, onde O. J. supostamente estava sendo julgado não pelo sangue da vítima em seus pertences e numa trilha até sua casa, não por sua luva encontrada na cena do crime, não pelas testemunhas que o viram com comportamento suspeito nas imediações, não por ser um abusador cretino que já tinha espancado a mulher e nem porque ele tentou fugir e se suicidar quando soube que seria acusado, mas porque ele era negro. (E olha que eu nem falei no teste de polígrafo com o resultado mais incriminador possível, já que ele não foi usado no tribunal...)
A ''carta racial'', uma expressão que os envolvidos adotaram, inflamou o júri de ódio contra a polícia (o que é perfeitamente compreensível) e cegou seus olhos para as trocentas provas inegáveis que sustentavam a acusação, então foi um veredito motivado pelas emoções e não pelos fatos, o que não pode acontecer.
É uma discussão interessante pra caramba.
O Cuba Gooding interpreta O.J. e ele tá surreal de tão bom. Ela acabou tendo fama de ''ator bom que fez muito papéis ruins'' (porque, well, ele fez mesmo), mas aqui tá uma ótima mostra do quanto o cara é incrível.
O John Travolta faz o papel de um dos principais advogados de defesa e o cara tá tão plastificado que parece um boneco de cera anêmico, você assiste às cenas esperando que o nariz dele se desencaixe e que os músculos faciais deixem de responder a qualquer momento, congelando a cara dele numa expressão de derrame, mas o homi tá TÃO BOM naquele personagem desprezível e pomposo que chega a ser engraçado.
Mas o melhor pra mim foi a advogada Marcia Clark (chorei no episódio exclusivo sobre ela, inclusive), interpretada pela Sarah Paulson, que é uma mulher bem antiquada diante dos padrões estéticos que é atacada no meio do circo midiático que cercou o julgamento (durou mais de um ano, um tempo absurdo, e a mídia PIROU em cima). A série inteira valeria só por ela, de verdade.
True Detective
American Crime Story: The People x O. J. Simpson
Demorou pra me interessar porque eu já tinha visto trocentos mini documentários sobre O Julgamento do Século, e tirando o veredito, que pra mim é um completo absurdo, eu não achava a história tão interessante. Mas ouvi muitos elogios à série, então resolvi apostar.
Não gostei do formato, achei meio brega, muito Law & Order, e a direção não caiu nas minhas graças (não ajudou muito eu ter recém saído de um Fincher, mas ok), então não pretendo continuar assistindo às próximas temporadas (ela é ontológica, então o julgamento de O.J. iniciou e terminou nessa temporada, fim).
Mas eles souberam contar a história de um jeito que nos instiga, então fica aberta a recomendação, especialmente pra quem não conhece o caso.
O. J. era um jogador de futebol americano queridinho dos EUA (um rosto que aparecia nas caixas de cereal), então quando ele se tornou o único suspeito de um homicídio duplo, as pessoas piraram. Só que estava NA CARA que ele era o culpado, absolutamente TODAS as evidências o condenavam (se você me disser que não foi ele nós vamos ter uma briga ideológica), só que seus advogados aproveitaram o contexto péssimo com os casos de racismo na polícia e iniciaram uma guerra racial cheia de teorias da conspiração, onde O. J. supostamente estava sendo julgado não pelo sangue da vítima em seus pertences e numa trilha até sua casa, não por sua luva encontrada na cena do crime, não pelas testemunhas que o viram com comportamento suspeito nas imediações, não por ser um abusador cretino que já tinha espancado a mulher e nem porque ele tentou fugir e se suicidar quando soube que seria acusado, mas porque ele era negro. (E olha que eu nem falei no teste de polígrafo com o resultado mais incriminador possível, já que ele não foi usado no tribunal...)
A ''carta racial'', uma expressão que os envolvidos adotaram, inflamou o júri de ódio contra a polícia (o que é perfeitamente compreensível) e cegou seus olhos para as trocentas provas inegáveis que sustentavam a acusação, então foi um veredito motivado pelas emoções e não pelos fatos, o que não pode acontecer.
É uma discussão interessante pra caramba.
O Cuba Gooding interpreta O.J. e ele tá surreal de tão bom. Ela acabou tendo fama de ''ator bom que fez muito papéis ruins'' (porque, well, ele fez mesmo), mas aqui tá uma ótima mostra do quanto o cara é incrível.
O John Travolta faz o papel de um dos principais advogados de defesa e o cara tá tão plastificado que parece um boneco de cera anêmico, você assiste às cenas esperando que o nariz dele se desencaixe e que os músculos faciais deixem de responder a qualquer momento, congelando a cara dele numa expressão de derrame, mas o homi tá TÃO BOM naquele personagem desprezível e pomposo que chega a ser engraçado.
Mas o melhor pra mim foi a advogada Marcia Clark (chorei no episódio exclusivo sobre ela, inclusive), interpretada pela Sarah Paulson, que é uma mulher bem antiquada diante dos padrões estéticos que é atacada no meio do circo midiático que cercou o julgamento (durou mais de um ano, um tempo absurdo, e a mídia PIROU em cima). A série inteira valeria só por ela, de verdade.
True Detective
Agora para um pouquinho, senta aqui comigo, segura a minha mão, olha nos meus olhos e escuta com toda a atenção o que eu vou te dizer: você precisa assistir a True Detective.
Dane-se a segunda temporada, a série é ontológica e não vai fazer falta. Eu tô falando da primeira, que foi a única em que eu mirei. VOCÊ PRECISA ASSISTIR À PRIMEIRA TEMPORADA DE TRUE DETECTIVE.
É sobre dois detetives com uma parceria meio conflituosa que se envolvem no caso de um serial killer bizarro metido com ocultismo, que desova suas vítimas com todo o espetáculo a que tem direito. Só que a série tem duas linhas temporais: numa, vamos vendo a resolução desse caso no passado, e na outra, tempo atual, acompanhamos os depoimentos gravados que os dois detetives, já há anos sem contato (um deles muito surrado pela vida), foram convocados a fazer numa nova investigação, porque parece que o caso tá sendo reavaliado por causa do surgimento de um novo assassino que tem o mesmo modus operandi.
Só que aos poucos a gente vai percebendo que o buraco é mais embaixo e na verdade os depoimentos não são uma requisição de ajuda, e sim uma maneira de investigar os detetives em si, porque parece que... Enfim, você vai ter que assistir.
Tá, POR ONDE EU COMEÇO, SENHOR?
Cara, você sabe o que é PERFEIÇÃO? Essa série é a materialização cinematográfica da perfeição. Ela tem a dose certa de mistério, suspense, sinistrice (?), engenhosidade. Tudo tá simplesmente TÃO encaixadinho e balanceado que eu não sei como começar a falar sobre.
O enredo é perfeito, os diálogos são perfeitos, o roteiro é perfeito, a fotografia é de RACHAR A DROGA DA MINHA CARA (tem um toque tão lindinho de Fincher em Seven+Zodíaco que eu fiquei até tristinha por não ter a mão dele) e os personagens, MEUSENHOROSPERSONAGENS. Rustin Cohle é SIMPLESMENTE O MELHOR PERSONAGEM DE SÉRIE QUE EU JÁ VI NA PORCARIA DA MINHA VIDA TODA, VOCÊ TÁ ENTENDENDO ISSO??/???/?
O Rustin tem um pessimismo filosófico que o aparta da camada de gente que consegue viver um dia atrás do outro sem mergulhar em reflexões fatalistas e entorpecedoras sobre a vida, a morte e tudo mais. Então ele acaba sendo um cara sem amigos e sem ninguém, sempre flertando com o alcoolismo, porque ninguém consegue ficar perto de alguém que visivelmente não vê sentido em nada e é bem taciturno porque VAMOS TODOS MORRER MESMO.
A química dos dois, Rustin e Martin, é tão maravilhosa que nem sei. E eu já falei que eles são interpretados pelo Matthew McConaughey (ESSE LINDO KERO) e Woody Harrelson? POIS É.
A primeira temporada ganhou uma ENXURRADA de prêmios porque às vezes a vida é muito justa.
VOCÊ PRECISA ASSISTIR, CRIATURA.
''Ahh, Carol, mas eu não tenho tempo.''
DANISE
Meu professor de inglês vivia dizendo que a gente não tinha desculpa pra não estudar porque entre a meia-noite a as seis da manhã tá todo mundo livre. Então PARA DE DAR DESCULPAS PRA SI MESMO. A graduação, seu cônjuge, a faxina da casa e o sono podem esperar, mas DÁ UM JEITO DE VER TRUE DETECTIVE, EU TE IMPLORO.
Me agradeça depois. *Ufa*
The Americans
É sobre um casal soviético, agentes da KGB, que está infiltrados nos EUA se passando por cidadãos americanos comuns em plena guerra fria, enquanto o bicho pega entre os dois países e ocorrem altos conflitos de vida e morte por baixo dos panos enquanto a população média sai pra passear com os cachorros no parque como em todos os dias.
É bem interessante e tem um piloto que eu achei perfeito, mas pra ser sincera a guerra fria e a rivalidade entre americanos e soviéticos nunca me chamaram muita atenção porque, no colégio, o assunto acabava ficando em segundo plano ante minha fascinação pela II Guerra Mundial (um assunto de família aqui), então a série não me fisgou tanto. Eu achei meio... brega (?) em alguns aspectos.
Mas como ainda tô nas primeiras temporadas (assisti só às duas primeiras), as coisas podem mudar, e eu gostei o suficiente pra continuar. Vamos ver.
-Heróis em conflitos fofíssimos com seus filhos. ''I've always hated the Hulk. I think he's shit!''
-Estas Tonne, meu muso musical (wtf), em mais uma de suas performances de me deixar MORTA. Porque recomendar esse cara nunca vai ser o suficiente. (NÃO VOLTE AQUI SEM ASSISTIR, OUÇA-ME BEM.)
-O Drauzinho (credo, Carolina) salva minha existência da depressão todos os dias com os reacts aos comentários nos vídeos dele, em comemoração ao número de inscritos. Edições I e II. Brasileiro nenhum devia viver sem saber da existência dessas pérolas.
-Eu não curtia tanto os vídeos do Victor do Geek Freak (booktuber) porque ele parecia sempre ler livros muito diferentes dos que eu costumo ler (as leituras dele são tão atuais! E meio ~juvenis~. Eu nunca sabia do que ele tava falando porque é bem fora da minha zona de conforto) até descobrir que eu adoro ver ele detonando livros que não gostou. Saí maratonando e caçando esses vídeos feito um abutre atrás de carniça.
-Foda-se seu pau. Uma newsletter da Taizze sobrehomens pênis.
-Meu instagram conhece esse segredo há tempos: animais deixam as fotos muito melhores.
Os meus, pelo menos, são a única esperança daquele perfil condenado.
Só que aos poucos a gente vai percebendo que o buraco é mais embaixo e na verdade os depoimentos não são uma requisição de ajuda, e sim uma maneira de investigar os detetives em si, porque parece que... Enfim, você vai ter que assistir.
Tá, POR ONDE EU COMEÇO, SENHOR?
Cara, você sabe o que é PERFEIÇÃO? Essa série é a materialização cinematográfica da perfeição. Ela tem a dose certa de mistério, suspense, sinistrice (?), engenhosidade. Tudo tá simplesmente TÃO encaixadinho e balanceado que eu não sei como começar a falar sobre.
O enredo é perfeito, os diálogos são perfeitos, o roteiro é perfeito, a fotografia é de RACHAR A DROGA DA MINHA CARA (tem um toque tão lindinho de Fincher em Seven+Zodíaco que eu fiquei até tristinha por não ter a mão dele) e os personagens, MEUSENHOROSPERSONAGENS. Rustin Cohle é SIMPLESMENTE O MELHOR PERSONAGEM DE SÉRIE QUE EU JÁ VI NA PORCARIA DA MINHA VIDA TODA, VOCÊ TÁ ENTENDENDO ISSO??/???/?
O Rustin tem um pessimismo filosófico que o aparta da camada de gente que consegue viver um dia atrás do outro sem mergulhar em reflexões fatalistas e entorpecedoras sobre a vida, a morte e tudo mais. Então ele acaba sendo um cara sem amigos e sem ninguém, sempre flertando com o alcoolismo, porque ninguém consegue ficar perto de alguém que visivelmente não vê sentido em nada e é bem taciturno porque VAMOS TODOS MORRER MESMO.
A química dos dois, Rustin e Martin, é tão maravilhosa que nem sei. E eu já falei que eles são interpretados pelo Matthew McConaughey (ESSE LINDO KERO) e Woody Harrelson? POIS É.
A primeira temporada ganhou uma ENXURRADA de prêmios porque às vezes a vida é muito justa.
VOCÊ PRECISA ASSISTIR, CRIATURA.
''Ahh, Carol, mas eu não tenho tempo.''
Meu professor de inglês vivia dizendo que a gente não tinha desculpa pra não estudar porque entre a meia-noite a as seis da manhã tá todo mundo livre. Então PARA DE DAR DESCULPAS PRA SI MESMO. A graduação, seu cônjuge, a faxina da casa e o sono podem esperar, mas DÁ UM JEITO DE VER TRUE DETECTIVE, EU TE IMPLORO.
Me agradeça depois. *Ufa*
The Americans
É sobre um casal soviético, agentes da KGB, que está infiltrados nos EUA se passando por cidadãos americanos comuns em plena guerra fria, enquanto o bicho pega entre os dois países e ocorrem altos conflitos de vida e morte por baixo dos panos enquanto a população média sai pra passear com os cachorros no parque como em todos os dias.
É bem interessante e tem um piloto que eu achei perfeito, mas pra ser sincera a guerra fria e a rivalidade entre americanos e soviéticos nunca me chamaram muita atenção porque, no colégio, o assunto acabava ficando em segundo plano ante minha fascinação pela II Guerra Mundial (um assunto de família aqui), então a série não me fisgou tanto. Eu achei meio... brega (?) em alguns aspectos.
Mas como ainda tô nas primeiras temporadas (assisti só às duas primeiras), as coisas podem mudar, e eu gostei o suficiente pra continuar. Vamos ver.
Links, LINKS EVERYWHERE
-As ilustrações gráficas do Guzz Soares são surreais de tão lindas e perfeitas. (O Bowie! O Hannibal Lecter! O Dwight! A Amy!)-Heróis em conflitos fofíssimos com seus filhos. ''I've always hated the Hulk. I think he's shit!''
-Estas Tonne, meu muso musical (wtf), em mais uma de suas performances de me deixar MORTA. Porque recomendar esse cara nunca vai ser o suficiente. (NÃO VOLTE AQUI SEM ASSISTIR, OUÇA-ME BEM.)
-O Drauzinho (credo, Carolina) salva minha existência da depressão todos os dias com os reacts aos comentários nos vídeos dele, em comemoração ao número de inscritos. Edições I e II. Brasileiro nenhum devia viver sem saber da existência dessas pérolas.
-Eu não curtia tanto os vídeos do Victor do Geek Freak (booktuber) porque ele parecia sempre ler livros muito diferentes dos que eu costumo ler (as leituras dele são tão atuais! E meio ~juvenis~. Eu nunca sabia do que ele tava falando porque é bem fora da minha zona de conforto) até descobrir que eu adoro ver ele detonando livros que não gostou. Saí maratonando e caçando esses vídeos feito um abutre atrás de carniça.
-Foda-se seu pau. Uma newsletter da Taizze sobre
-Meu instagram conhece esse segredo há tempos: animais deixam as fotos muito melhores.
Os meus, pelo menos, são a única esperança daquele perfil condenado.
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