De Antoine de Saint-Exupéry (wtf)
Peguei emprestado de um amigo (oiiii, Danieeel) que tava me
devendo ele há meses e com quem me reencontrei esses dias depois da criatura ter
sumido do mapa... e finalmente reaparecido.

Então eu basicamente não sabia o que esperar, e me
surpreendi quando recebi o exemplar em mãos. Embora eu tenha ouvido também
outra frase ‘’é um livro de crianças que serve também para os adultos’’,
aquelas páginas cheias de ilustrações fofinhas (feitas pelo autor, vale
constar) e com uma letra enorme me pegaram desprevenida.
Logo comecei a pensar: ‘’como assim um livro de crianças
para adultos? Sobre o que é essa bagaça, afinal?’’ E pra quem quer a resposta a
essas perguntas, ela é uma só: leia o livro. ;)
Mas vamos ver se consigo responder de outra forma aqui,
também.
Logo na primeira página entramos na cabeça de um homem que
não sabe desenhar e discorre sobre como, quando criança, os adultos nunca
acertavam os desenhos que ele fazia. Logo percebemos o descontentamento desse
cara com o universo adulto e a maneira com que ele parece estar em constante
desacordo com o universo infantil e com todas as coisas belas e simples que
aparentemente só as crianças conseguem ver e eprceber. Depois descobrimos que
esse cara se tornou um piloto de avião que tá caído no Saara (pois é) e que, em
meio à confusão e desespero de não saber se vai conseguir consertar o aeroplano
a tempo de não findar o estoque de comida e água, dá de cara com um menininho
pequeno de cabelo dourado em trajes engraçados: O Pequeno Príncipe.
Ele mostra seus desenhos de infância ao principezinho e este
de cara acerta o que eles retratam. Sua simpatia por essa criaturinha incógnita
começa por aqui.
*Observação: há, na
primeira página, o desenho de um...chapéu? (NÃO é um chapéu) que esse homem
desenhou e fica exposto no livro. A figura ficou famosa e quem leu jamais vai
esquecer (até porque constantemente ele aparece na internet).*

Para mim, o ponto alto do livro é quando ele visita diversos
planetas e em cada um deles encontra um adulto diferente demonstrando uma
característica específica do ‘’universo adulto’’; há o rei, o vaidoso, o
empresário, o bêbado e por aí vai, cada parada recheada de diálogos bonitinhos
e inteligentes que nos fazem sorrir
ironizando hábitos, costumes e modelos típicos de ‘’pessoas crescidas’’.
Na história a coisa toda é abordada de uma maneira muito
alegórica e engraçada, o que nos faz esquecer que aquelas figuras são reais e
MUITO. Estão entre a gente, são a
gente. Todo mundo conhece um vaidoso, um bêbado vagabundo ou alguém que se acha
rei, porque o universo do livro retrata, em outros planetas, o que existe na
Terra.
Além dessa grande excursão do principezinho, os outros
trechos do livro trazem diálogos cobertos de divagações acerca do tópico ~vida adulta que se torna tosca ao tentar se afastar da simplicidade da
infância~.
Eu sou apaixonada pela psicologia desse assunto, gosto de
entrar em devaneios sobre a vida, velhice, morte, infância e tudo mais (42 –pegaram
a referência?), e o livro é um prato cheio pra quem gosta de mergulhar nesse tipo de reflexão. Só que, claro, a coisa toda é abordada de
maneira bem simplista e singela, em contexto de livro infantil.
Fiquei pensando bastante sobre todas as diferenças que
permeiam esses dois mundos, infantil e adulto, e sobre como, em mim, não quero que um se
dissocie do outro completamente, jamais. Não tenho vergonha de saber e admitir
que boa parte de mim ainda é uma criança, mesmo com quase 19 anos de idade.
Corro com elas, brinco de esconde-esconde, subo em árvore e tá tudo bem, isso é
bom, é saudável. A doença começa quando começamos a esquecer que já tivemos
menos de um metro e trinta, sem emprego e luxos, e éramos felizes assim, na beleza da
simplicidade que nem notávamos ser tão simples.
Claramente fiz um ensaio fotográfico com o livro, mas ok.
Sempre me pego observando adultos em conflito com crianças
de maneira, olha só que irônico, infantil (infantil de um jeito imaturo, não
bonito) e fico tentando imaginar como eles conseguiram esquecer completamente
que já foram como esses pequenos, porque uma incompreensão óbvia se estampa em
seus rostos barbudos e desenvolvidos e você só não compreende o que não
conhece, certo?
Quando os adultos deixam de conhecer a criança que já foram?
É nesse ponto que a tristeza da velhice (que não tem razão pra ser triste)
começa.
Não vou contar o desfecho do Pequeno Príncipe e do piloto de avião grande; deixo isso pra você descobrir, se quiser.
Dedicatória do autor:
A Léon Werth
Peço perdão à crianças por dedicar esse livro a uma pessoa grande. Tenho um bom motivo: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo. Tenho um outro motivo: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança. Tenho ainda um terceiro motivo: essa pessoa grande mora na França e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo. Se todos esses motivos não bastam, eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças -mas poucas se lembram disso. Corrijo, portanto, a dedicatória:
A Léon Werth
quando ele era criança
(Só eu achei isso lindo demais?)
Sou suspeita para falar deste livro pois ele é um dos meus favoritos da vida. Acho que ele trás uma mensagem tão bonita que a cada nova leitura você tira uma lição diferente.
ResponderExcluirEle é um amorzinho mesmo. Ele não chega a estar entre meus favoritos, mas gosto muito, sim, e seu caráter pedagógico é indiscutível.
ExcluirAmei a leveza e a beleza dessa leitura. :)
Obrigada pelo comentário!